domingo, 14 de outubro de 2012

Desvario

Desvario

Fiz a trilha, bem feitinha,
tirei pedras e espinhos,
aplanei e contemplei...
plantei sementes nas beiras...
o caminho floresceu..

Ficou lindo o meu caminho,
sombras verdes, sol e lua
passarinhos e ar puro...
mas a vida, minha vida
caçoou e riu de mim...

OlgaMatos
02/09/2012

Alvoradas

Pois que então em todas as madrugadas,
o arrebol não nos tem presenteado,
com as cores da alvorada
sempre a postos , mesmo que sol não haja?

Carregamos o fado do amanhecer,
a soer louvores de doce viver
e cada vez que o queremos ver,
somem , opacos  ,  no anoitecer!

Ah! Alvoradas dos meus dias!
Passarada solando   cantorias...
onde foram se esconder?

Alvoradas se foram e voltaram...
tangeram mares , ternos cismares...
agora jazem nas estrelas...
OlgaMatos
mai/2002

Algo menos


Algo menos...

24/09/2006
OlgaMatos

Algo é apelido dado
a sentimento pouco, quase nada
que nos leva a optar
pela solidão e a saudade.

Saudade gera  combustão
acorda   lembranças...
afeta a emoção.

Ansiedades boiando vão...

Algo  suspira agoniado,
sopra soledade,
força opção.

Solidão, ah, solidão!

Saudades boianso vão....

domingo, 9 de setembro de 2012

eu




eu,eu,eu,eu.....

Rosa Pena

Não aprecio aqueles que para valerem os seus direitos usam até de violência. O motorista que se o sinal estiver aberto pra ele, atira o carro no transeunte para mostrar que ele está com a razão. O inflexível na fila com um carrinho lotado que não deixa a moça com só um artigo passar, pois ela que vá para a caixa de poucos volumes. Na sala de espera do doutor o senhor com o rosto contorcido de dor tem que aguardar, pois a vez é da senhorita executiva que não pode perder um segundo. Aqui caberiam mil exemplos do “Eu estou correto, logo não abro mão de nada”, ainda que esse tipo de atitude sacrifique uma sociedade que poderia ser mais entrosada, atuante e menos agressiva.
Não tenho nada contra os direitos de cada um em si, mas a sua execução nas mãos de gente mesquinha é uma faca afiada. Nada de concessões absurdas, mas vale lembrar o jeito debilitado de nossa vidinha por conta de uma altivez medíocre, que em vez de fazer valer à vera os direitos dos cidadãos, desmorona os princípios de coletividade.

sábado, 9 de junho de 2012




Salvo-conduto

   Rosa Pena


Eu não sei e nem quero saber se você ainda come badejo com vinho tinto, se ainda fica de porre com duas cervas, se continua regando as plantas com seu xixi, se insiste em dar volta na lida e fazer da sua vida um eterno recreio, se na constante pressa esquece o portão aberto e chora com a fuga do seu cão, que sempre volta. Cachorros são fiéis até no maltrato. Já absorveu esse fato? Eu não sou cachorro não, lembrei da canção.

Eu não sei e nem quero saber, se ainda mente a idade e vive com sua mamãe jurando que a solidão é um problema dela e você a única solução. Ignoro e quero ignorar onde você esteve ontem que dirá onde estará daqui a meia hora, se passou a gostar de chuchu, se continua muito ruim em desenho, se morre de frio apenas porque o céu nublou, se finalmente conseguiu mandar o seu chefe pro Carandiru ou apenas tomar no cu.

Eu não sei e nem quero saber sobre seus receios, anseios, das mulheres que ficam embaixo do seu corpo ou se agora prefere em cima, se permanece com a mania de guardar velhas entradas de teatro se achando o roteirista, de se imaginar o menino do rio, que em mim já não mais provoca arrepio, se ainda jura que ama eterno para primeira chama que lhe acena e a faz por uns tempos primeira-dama.

Eu só sei que você deixou seu cartão de estacionamento, no bolso esquerdo da minha jaqueta bem onde fica meu coração. Honesto pra dedéu teima em fazer a devolução ou vai parar no Pinel.

Apenas por isso que ele com o salvo-conduto de Eros e não eu, que fique bem claro que estou fora disso, pois já lhe esqueci, vive insistindo em saber onde anda você. 





www.rosapena.com

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Boa Noite Ateneu






Será mesmo? Quem como eu caminhar por esta casa 
hoje talvez sinta a sensação que sinto invadir o meu peito:
abandono. É a casa está não só quieta, está abandonada
 pelos moradores. Há dias caminho por aqui desolada,
há comodos que nem se acende mais luzes, tanto tempo 
que foi abandonado...cheira bolor. Eu procuro uma 
porta entreaberta um sorriso, as vezes encontro uma luzinha 
fraquinha uma voz sumida e quando me aproximo; era 
só um eco, o dono da voz já tinha partido.
Algumas pessoas deixam bilhetinhos, 
a demonstrar que não partiram; apenas se ausentaram 
um pouco. Eu sempre caminho por essa casa procurando 
um rosto conhecido alguém que queira se sentar comigo 
para bebericar um pouco de poesia, mas nem naquelas 
mesinhas onde habitualmente encontro os 
mais renitentes, há alguém; tudo vazio, empoeirando.
Andando por aí, pelos jardins volta e meia encontro 
aqueles que vieram colher uma flor, encontro na  biblioteca 
rastro de quem apanhou um livro e deixou um recado 
anotado no marcador. Quando o telefone toca, 
mensagens gravadas na secretária eletrônica, tão impessoal.
Na sala  de estar, tudo está no mesmo lugar; 
nem uma ruga no sofá, as cortinas fechadas 
impedem o sol de entrar para iluminar.
Os risos partiram, sinto falta de gente
não de prateleiras para colocar poesias.
Esse é o retrato do Ateneu; infelizmente e eu que 
gosto de entrar nessa casa todos os dias abrir as janelas, 
ligar o som, espanar a tristeza (embora as vezes ela venha comigo). 
Tenho andado sem ânimo de perambular por aqui ouvindo o 
eco da minha própria voz.
Vago por aqui, olhando pelas paredes, pelas frestas, 
me dá um aperto no peito. Saio sem nem sequer 
fechar as portas ou apagar as luzes...

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012