Se eu morrer amanhã
Angélica T. Almstadter
Se eu morrer amanhã, preparem uma festa;
Quero minha melhor roupa, música e flores.
Não quero tristeza, eu quero mesmo é seresta
Na madrugada. Que venham meus ex-amores.
Como despedida, quero poesias no ar pairando
Declamadas sem choro, embargadas de emoção.
Quero sentir cada verbete entoado vibrando;
Para aplacar a saudade que levo no coração.
Se eu morrer amanhã, de hemorragia ou agonia;
Me botem um sorriso no rosto com batom e carmim.
Digam a todos que vivi e morri sufocada de poesia.
Contem das tantas palavras que brotavam em mim
Dêem-me sonetos, crônicas e uma infinidade de prosas,
Dêem-me descanso nas muitas rosas que terei enfim.
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Crepúsculo em branco
Lizete Abrahão
Se eu amanhã me for, o tempo é a mortalha,
Meu corpo nu volta nu de onde veio,
Nada mais a cobrir-me, a noite me agasalha.
E não lamentem, vou feliz com o que creio...
É o meu ocaso, hora em que quero dormir
Por trás das tardes dos meus dias exauridos.
Que seja cor de sangue o véu a me cobrir,
Igual às nuvens sobre os mares incendidos...
Silêncio é o que peço, não quero blasfema ,
Para eu poder ouvir o canto de um pardal,
Esqueçam preces, diga um poeta um poema,
Na sua voz serei princípio e meu final...
Quando eu me for, e pode ser amanhã mesmo,
Saibam que deixo aqui meu único lamento:
O de ter sido um verso branco escrito a esmo,
Sem poesia que me seja luz e relento.
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Se eu morrer primeiro
Olga Matos
Mas se eu morrer primeiro,
para que eu possa seguir,
não quero despedidas!
Tragam poemas com muita poesia
pra brincar com os meus
ditos, pensados, escritos com cheiros
da terra, da mata, de mar ,de brisa...
ah, e não esqueçam de chorar de alegria,
pois as tristezas do mundo chorei
e o resto levei pra não ver meus filhos
e amigos de prosa, risos e brincadeiras
chorarem de tristeza!!!
Flores...sim, mas rosas não as sacrifiquem,
se tiverem, me tragam margaridas
pra que eu possa, sozinha,
sorrir versos em cada pétala
tal qual fiz ilustrando a vida:
mal me quer, bem me quer...
quero, não quero...
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Crepúsculo da vida
lucelena maia - 07/08/2010
Quando eu respirar novos ares
no remanso de diferente poente
com sol entardecido, morrente,
eu saberei de outros lugares...
Talvez eu me veja num jardim
envolvida por flores infinitas
rodeada por pessoas em visita
ou por, entre, anjos querubins
Florirei essa nova morada
com as mais belas poesias
dos cochichos de meus dias
com minha alma inspirada
Serei feliz nos braços da lua,
se não chorarem a minha paz,
na lápide, mandem crivar; mais
uma alma que perpetua...
Com lembrança tenra e serena,
os homens de boas entranhas
brindarão o meu adormecer
louvando o verde das montanhas
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O beijo da morte
Herculano Alencar
Quando a morte vier ao meu encontro,
vou beijá-la na boca espavorido.
Vou doar-me inteiro e, possuído,
provarei que há muito eu estou pronto.
Eu vou conter o ímpeto do pranto,
tocar seus seios murchos, combalidos,
até que quase morto, num gemido,
entregarei min'alma aos seus encantos.
E doarei também os meus quebrantos,
a minha velha figa, os meus santos...
e todos os penhores que eram meus.
No último suspiro, já cansado,
antes de ter o corpo abandonado,
ainda darei tempo pro adeus.
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O destino de todos
TecaMiranda
Nem penso em morrer
vou deixar acontecer.
Velório não quero,
logo estarei voando
sem urna a me prender.
Minha lembrança ficará
o resto não me importa.
Estarei presente nas ações
deixadas por mim.
Para perpetuar o amor
serei semente no infinito
cantando nos corações
daqueles que ficaram.
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Fragmentos
Valdez
Quando se for a luz do meu olhar...
Para ver os verdes campos do além,
Sim, sei, não farei falta a ninguém,
De saudade ninguém há de chorar.
Quando cessar no meu falar o canto,
O verso, mudo, não puder cantar,
Ninguém no mundo vai querer lembrar
Da minha vida, meu pesar, meu pranto.
Mas se te dei algum contentamento,
E se algum dia em algum momento
Me viu como meu coração a vê...
Guarda de mim, pela eternidade,
Pequenos fragmentos de saudade:
Estes versos que fiz para você!
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Despedida
Conceiçao Pazzola
Quando algum dia eu morrer
Quero você sorrindo para mim
Lembrando que fomos felizes
Cuidando de nosso jardim
Quando algum dia eu morrer
Cercada de entes queridos
Frutos de mim de você
Sem lágrima e rancor antigo
Quando algum dia eu morrer
Faça chuva, faça sol lá fora
Não quero lhe ver entristecer
Cante baixinho nessa hora
Felizes de nosso alegre passado
Nada vai mudar meu amor
Sempre estarei ao seu lado
Seja por onde você for.
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Se eu morrer amanhã
Célia Lamounier de Araújo
Quando eu me for
quero deixar-me em você
nas pequenas coisas que gostas.
Mas, lembre-se bem:
Morrer é o final de uma caminhada.
Não devem fazer disso uma tristeza
Porque morrer é simplesmente partir,
Mudar de vida, talvez ir e voltar.
A casa, as coisas devem ficar um tempo
Do mesmo jeito, no mesmo lugar
Para que o espírito possa livremente
Rever feliz a vida construída.
E sorrindo... ouvir os casos relembrados.
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