
Lentamente o ônibus ia vencendo a estrada tortuosa da serra. Sua lentidão devia-se não só ao transito, mas fluente, e a estrada quase íngreme e tortuosa revelando a cada curva uma atenção acurada. Com mão firme Jose sentia toda a trepidação do asfalto rachado precisando de vários consertos, o que aumentava sua responsabilidade. Na rodoviária, na sala destinada aos funcionários, José descansara por umas duas horas como se tivesse dormindo o dia inteiro. Por necessitar de dinheiro, estava substituindo o amigo ao invés de ter ido para casa. Ganhando pouco, quando podia fazia algumas horas extras, o que por lei era proibido na profissão dele, e nem mesmo o chefe sabia e, se sabia fazia vista grossa, pois o que ele queria era ver os ônibus rodando, pouco se importando com as necessidades de seus funcionários. Trabalhando quase dez anos, sem que houvesse mancha nenhuma em sua ficha, achava poder agüentar algumas horas sem dormir e, que duas ou três horas lhe eram suficiente para recuperar as forças. Num gesto inconsciente levou a mão à testa querendo eliminar uma pequena pontada que começava a irritar. Estava entrando no primeiro túnel. Não saberia dizer, quando lhe perguntaram depois, se fora a luz amarela do túnel que ofuscou a vista ou se a dor obrigando-o a soltar da direção. O que ele sabe é que sua vista ficou embaçada fazendo com que perdesse o controle do ônibus que, saindo da faixa avançou a outra na contra mão. O ônibus deu uma guinada para a esquerda voltando rapidamente para direita assustadoramente. No instante em que ele avançava contra mão, surgiu um carro a toda velocidade obrigando o motorista a pisar no freio. A freada juntamente com os pneus traseiros cantando no asfalto ecoou reverberando no túnel num horrível som de acidente. Porém, num raciocínio instantâneo, José puxou o ônibus para sua faixa e segurou firme a direção.
pastorelli.
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