terça-feira, 6 de julho de 2010

sou, serei


angélica t. almstadter

não poupe meu tempo
nem afague meus erros
quero a plenitude
do começo ao fim
não me sei ainda
saberei um dia
não conheço os dias
como conheço as noites

tenho na ponta dos dedos
a urgência de falar
um medo escravado
no silêncio da alma
gosto de colorir os dias
para deitar os pensamentos
em noites perfeitas

não me procure na superficie
não sei boiar na leveza
das palavras
estou enraizada até a medula
não me basto com pouco
meu embornal
me parece sempre vazio

vou passar os dentes
no tempo que não me permito
lamber e mastigar
todas as letras que puder
serei de mim a melhor certeza
escrita sem rasuras
verdade sem vírgulas
começo, meio e fim

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